Ó Porto, que alma d’Ouro tens tu…

Entre 18 e 20 de Abril, a turma A2 do 12º ano deslocou-se numa visita de estudo ao Porto, sendo as professoras Cristina Castilho e Vânia Diogo as professoras acompanhantes. Do muito que viram, olharam, escutaram e fotografaram, resultou, certamente, um ganho em capital cultural. O texto poético do Rúben Sousa e a sua foto, merecedora de um primeiro prémio num concurso de fotografia de que os professores José Couto e Reinaldo Barros foram o júri, é a prova disso:

Ó Porto, que alma d’Ouro tens tu…

Podes não ter cores frescas e vivas como o Sul de Portugal, podes ser mais cinzento, da cor da tua pedra dura de granito e que faz de ti a cidade Invicta. Majestosas obras foram feitas por grandes artesãos que te talharam e esculpiram. Mesmo que o escopro estremecesse ou fraquejasse, o braço e a maceta obrigaram-te a ceder à sua vontade de erguer esta cidade, pura alma Lusitana. No entanto, a tua cor é rubi, os mais preciosos rubis que nascem nas tuas tortuosas margens inclinadas, apenas aplainadas por socalcos abertos por força primária do dinamite, e depois por força de picaretas, pás e enxadas tracionadas pela força braçal de homens. E as rochas xistosas de grande tamanho puxadas por juntas e posicionadas como linhas de defesa da mais velha zona Demarcada de Vinhos do mundo, onde crescem videiras na calma dos ciclos agrícolas, pois o tempo é tudo aquilo que estrutura a qualidade. É necessário tempo para que tudo se forme lindamente.


Quando encontrei esta imagem, ainda trazia o leque aromático da prova dos vinhos do Porto, um branco florido de frescura e ao mesmo tempo com um calor de dedos de ninfa que tocam homens com a sua beleza. Há ainda o toque das brisas marítimas que circulam pelo vale Duriense, refrescando as folhas das vinhas com a delicadeza e dedicação tal e qual Dona Antónia, o mesmo Amor de cuidar… O tinto tinha um travo de taninos que se revelava na primeira linha tal e qual as terras difíceis que lhe dão origem. Há um sabor de frutas bem maduras e de toques de compota de frutos silvestres com frutos secos, e novamente aquele toque intenso e energético de Dona Antónia, a famosa Ferreirinha que o seu espírito ainda cuida dos vinhedos e os vigia… Tudo isto ouvi e saboreei vindo dos barcos Rabelo ainda com as pipas pouco mais que meias da jovem e preciosa bebida, pois não fossem borda fora na sua descida de rio bravo e indomável. Assim, boiam, podendo ainda ser resgatadas. Tudo isto sobre este cais, sobre as tábuas dos Rabelos, ecoando dentro das pipas...


Lá está o velho casario construído de alegrias e tristezas cravadas no desgaste de soleiras, parapeitos e ombreiras por lágrimas como ferro em brasa vincaram a sua passagem, salgando mais o oceano.


Ao fundo a Ponte da Arrábida, marco importante na História das engenharias. É esta ponte o maior arco suspenso em betão pré-esforçado do mundo, posta em dúvida a sua finalização por ser uma obra de grande engenho e arte. Se é verdade que as Tágides abençoaram Camões, as ninfas Douradas apoiaram este arco para que não se desmoronasse e mostrássemos ao mundo que somos capazes de grandes feitos!


Captei este momento com todo o meu coração e agora digo-vos, meus amigos e amigas, quer vos conheça ou não, tenho-vos como amizades. Fotografem com o coração, sintam o Amor surgir no romantismo de um momento. Sintam e vejam o que dar Amor faz acontecer, porque tudo o que tem existência merece Amor!
Rúben Sousa